O presente excerto não configura necessariamente uma crítica, posto que não considero possuir elementos suficientes para sustentá-la, tão pouco sou telespectadora assídua do programa ao qual me proponho discutir. Este é um intento de uma reflexão, de apontamentos que valem a pena serem considerados.
O programa “Esquenta” mostra uma visão muito estereotipada do Brasil e principalmente das favelas... Segundo o que é mostrado no programa, favela é sinônimo de churrasco na lage, mulher com roupa curta, “pagodão” e muita gente feliz. Favela não é só isso. Aliás, favela é muito mais que isso. Além disso, acho que o programa mistura muito temáticas das esferas social e política tentando mostrar uma tal diversidade cultural, mas acaba tratando desses assuntos de forma muito superficial e muitas vezes até otimistas demais. Eles tratam a questão do racismo, por exemplo, como se tudo fosse lindo, como se não existe preconceito e tá tudo certo. O programa reproduz um discurso de democracia racial que NÃO EXISTE, na verdade (pelo menos aqui no Brasil). No programa eles mostram os negros são predominantes na plateia e no corpo de figurantes, mas se for pararmos pra pensar, nem mesmo nas novelas da mesma emissora não vemos negros, pelo menos não em papéis principais, mas, na maioria das vezes, como subalternos. O programa mostra o negro com uma única faceta, o negro que samba, que gosta de samba e funk, que mora na favela, reforçando um estereótipo, apenas.
Agora, refletindo... todo mundo convive em harmonia, como mostrado no programa? Será?
E por trás disso vem uma questão muito mais ampla, que se refere a emissora na qual o programa é transmitido, uma rede sensionalista, sensurista, ditadora de opinião como a Rede Globo. Essa rede não representa as massas sócias. O programa tenta mostrar que aquele é um espaço que “discute” essas mazelas sociais, mas, está longe de ser, de fato, um espaço para tal.
Por Eliziane Veríssimo
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