domingo, 21 de junho de 2009

Liberdade de Expressão e vale-alfafa


O diretor Boninho manteve-se por alguns dias na web dizendo o que pensava sobre televisão, em especial o reality show da Record, a Fazenda, mas foi obrigado a deixar a rede, frente a repercussão que vinha desencadeando. Pena né. Era um canal para a interlocução. Ele ridicularizou o Brito Jr. que merece por todos os deuses ser redicularizado, Batman! O próprio Brito Jr. declarou na Folha de São Paulo no domingo que antecedeu a estréia do programa que não ia fazer poesia na Fazenda, em referência ao estilo de Pedro Bial no BBB. Parece-me que ele mesmo abriu espaço para a discussão! E sejamos honestos, o Brito Jr. tem lá competência para poesia? O Pedro Bial pegou uma porcaria de formato que é o BBB com participantes abomináveis e conseguiu dar uma identidade para atração que vai além do reality show, ao incentivar e promover que os participantes mostrassem para além de seus bumbuns! Admito que ainda não vi a Fazenda, mas o farei. Provar para dizer que o gosto não agrada (ou surpreender-se e adorar!), não há outro caminho. Por hora, Boninho, diferente de você, tenho a conta bancária vazia e a língua solta...Ouvi dizer que na Record além de vale transporte e seguro saúde os funcionarios têm o "vale-alfafa"...Quem não concordar, cá estou para dialogar!

Parada gay: festança, promiscuidade e esbanjamento de grana?


Não vi em nenhuma cobertura jornalística da Parada Gay que oferecesse ao telespectador algo além da idéia de festança, promiscuidade e esbanjamento de grana. Todas as reportagens concentravam a atenção no fato do encontro movimentar milhões de reais. E só. Depois, o foco foi o fato de um gay ter sido espancado até a morte. A receita é, antes falamos da grana, depois dos espancados. Não haveria espaço nas coberturas para falarmos de respeito e tolerância pela diferença? Que tal fazer um paralelo entre o movimento na época em que foi idelaizado e hoje, tentando apontar avanços e retrocessos para as pessoas que se sentem diferentes? Quem sabe até o próximo ano haveria tempo para os jornalistas organizarem uma pauta mais crítica e de relevância pra humanidade, né?

terça-feira, 16 de junho de 2009

Televisão e Sedução

Que tipo de criatura faz televisão sem pensar nas consequências?

"Como não existe entretenimento vazio de conteúdos, de valores, de idéias, é grande equívoco pensar que que as crianças, ao assitir á TV, ao jogar videogame ou até mesmo ao praticar esportes, estejam apenas brincando. Estão- como os adultos- em constante processo de socilaização, de formação, aprendendo, captando, introjetando elementos da cultura na qual estão inseridas." ( O pequeno cientista amador, Denise da Costa Oliveira Siqueira, página 30).

Imagem meu sobrinho Sávio hipnotizado..

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Todos somos responsáveis



Uma das vezes que apareci na televisão, o repórter insistiu para que eu fosse filmada encenando estar envolvida em alguma atividade ou simplesmente contemplando o nada com olhar taciturno. Palhaçada! Não topei, ele ficou nervoso, não entendia como eu podia me negar a seguir o script sugerido por ele. Eu disse, se quiser me filmar enquanto faço algo de verdade, ok, mas não vou fazer nenhuma cena. Até porque ao tentar caí na gargalhada diante da artificialidade da idéia. Eu não fiz, mas muitos fazem, arrisco dizer a maioria o faz. Vemos diariamente cientistas olhando o nada em seus microscópios, psicólogos folheando livros em suas bibliotecas de livors nunca lidos, atletas olhando o horizonte como se avistassem o futuro e o sucesso de suas conquistas. Talvez estes entrevistados sejam melhores atores do que eu, pois algumas vezes até fica bonita a imagem. Mas o que eu quero trazer a discussão com este post é a co-responsabilidade de todos nós com a performance daqueles que fazem televisão, especialmente quando dividimos com estes a cena. Um bom exemplo de como os interlocutores podem interferir na construção do discurso é o redimensionamento que os militares responsáveis pelas notícias da queda do avião Air France obrigaram os jornalistas-abutres a darem ás suas falas. No início, as notícias misturavam especulação com informações oficiais. Mas os militares responsáveis pela comunicação dos fatos corrigiam os profissionais da comunicação ao vivo, dizendo "não, nós não trabalhamos com hipóteses", "não, isso é especulação", "não, a aeronática não tem informaçõe suficientes para fazer esta declaração", "não, isso não foi dito pela aeronática". Ao realizarem seu trabalho os militares deram ainda uma lição de dignidade e respeito aos mortos e seus familiares, revelando que isto estaria acima da possibilidade sedutora de alcançar elevados índices de audiência, ao não revelarem informações que nos levassem a imaginar a tragédia da morte. Ou os repórteres cuidavam das palavras que usavam em suas previsíves perguntas, ou corriam o risco de fazer papel de bobo em rede nacional. Os militares obrigaram jornalistas a assumirem uma postura mais respeitosa e cautelosa ao noticiarem o acidente, simplesmente respondendo com firmeza e rejeitando certas abordagens. Entendo que aparecer na televisão seja um acontecimento e tanto para a maioria de nós mortais, mas espanta-me que o sujeito-entrevistado perca o senso crítico ao colocar-se diante de uma câmera. Espanta-me mais ainda que os responsáveis pela comunicação não se cansem de usar as mesmas receitas de produção de imagem rotas e previsívies desde que a televisão é televisão!

Imagem Louvre, 2009

segunda-feira, 1 de junho de 2009

TV Comercial, TV Pública, TV Educativa, TV Brasil


Como alguém se torna "dono" de um canal de televisão (ou emissora de rádio)? Basta ter dinheiro para comprar? Não. Embora algumas vezes vejamos circular na mídia notícias de "compra" de emissoras e pessoas sendo identificadas como proprietárias dos canais de televisão, absolutamente todas as emissoras pertencem ao governo do Brasil. Pois é, os referidos proprietários são no máximo donos dos equipamentos que tornam possível a veiculação do sinal, mas a frequência na qual esse sinal existe pertence a nós brasileiros. Para "existir", então, cada rede necessita de uma autorização, uma concessão pública¹. O que quer dizer que o governo do Brasil concede aquele grupo de pessoas permissão para produzir e enviar seu sinal. Então a pergunta deveria ser, como alguém obtém uma concessão? Há uma legislação para isso e entre outras coisas, todos que têm o privilégio de ter uma concessão comprometem-se com o caráter educativo de suas transmissões. É isso mesmo, fundamentalmente toda televisão é (ou deveria ser) Educativa. Pasmem! Mesmo as chamadas tevês comerciais muito embora não priorizem essa dimensão são inclusive do ponto de vista jurídico educativas. Mas a população desconhece essa informação. Até mesmo nosso beócio presidente ao criar a TV Brasil parece não entender as regras desse jogo. Não bastaria exigir que as emissoras que já existem cumprissem o trato feito na ocasião da concessão? Mas há muitas maneiras de não cumprir as regras parecendo cumprir! Todas as emissoras têm em suas "grades"² os chamados programas educativos. Para vê-los é preciso acordar bem cedo, antes das oito da manhã, horário em que são transmitidos! Dessa forma as televisões garantem o pacote educativo mínimo previsto na lei. Dizem que estes programas não seduzem a audiência, mas são os campeões do horário em que são exibidos. Para mim, trata-se de preguiça e burrice generalizada não assumir o desafio de transferi-los para horários de maior visibilidade ousando novos formatos e novas abrodagens. Valem-se dos caminhos conhecidos e apenas reproduzem a rota e gasta programação! Não estou sugerindo temros Telecurso Qualquer-Grau no horário da novela das oito. Aliás, vamos ser honestos, as teleaulas não deviam existir sequer nesse formato educação a distância, que só servem para mascarar a intenção de formar mal e em larga escala o cidadão brasileiro que não pôde frequentar a escola, minimizando o custo³. É isso. Se alguém conhecer algum aspecto aqui ignorado e acreditar que alguma bobagem foi dita aqui, escreva-me, ficarei feliz de ampliar meus horizontes e dialogar a respeito. Afinal, quem aí já viu a TV Brasil?

1 Por isso algumas rádios sem concessão são consideradas clandestinas ou piratas.

2 Grade devia ser para quem faz estas manobras na lei por pura ambição.

3 Um único investimento em fitas que são reproduzidas, não há necessidade de formar e pagar professores. E temos produções da década de 70 AINDA no ar!

Imagem: Impressionante como essa minha foto de palhaça sempre encontra um post para ilustrar!