quinta-feira, 29 de julho de 2010

Considerações vespertinas

- Vídeoshow: o apresentador André Marques insiste em chamar sua colega de Japinha. Ruim? Péssimo, nem mesmo sei o nome da moça. Não seria interessante se a cena se desenrolasse assim: -Oi, Japinha.. e ela: -Oi, Bolota, diz aí, o que vai rolar hoje no Vídeo show?
- Jornal Hoje: por favor, exercitem um pouco de espírito crítico! Dona Jorgina, a aposentada que fez um empréstimo consignado e recebe um salário de benefício não tem plano de saúde para colocar na lista de despesas! Parem de humilhar o cidadão expondo geladeiras vazias e fazendo insinuações que nos levam a entender que o brasileiro comum é caloteiro e gastão! Sugestão: um Reality show com um desses repórteres globais vivendo com um único salário mínimo por três meses! Vocês acham que eles pegariam empréstimos? 

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Escola X Televisão


A novela é Sinhá Moça, da Rede Globo. Como um professor de história, utilizando um livro didático linear, com aspecto cansado porque trabalha mais de 40 horas por semana, sem nenhum apuro estético para escolher o que vestir, sem trilha sonora, sem cuidado com a linguagem (afinal, está tudo no livro), evitando as emoções....pode ser melhor que uma novela como Sinhá Moça??!!

sábado, 10 de julho de 2010

Jornalismo e vozes


Hoje recebi uma mensagem de um sacerdote que trabalha em Angola reclamando que os jornalistas só garantem visibilidade midiática aos padres pedófilos e que nunca falam sobre os muitos religiosos que dedicam suas vidas pelos menos afortunados. A queixa é legítima e não aconteceria se nos manuais em que os jornalistas estudam o discurso fosse tratado para além do texto escrito. Normalmente as orientações que estes profissionais recebem quanto a produção textual referem-se a clareza, coesão, objetividade...Em outras palavras, pensem no que a Ana Paula faz e façam o avesso! Eu até reconheço que uma informação pode ser entendida mais rapidamente quando disponibilizada em uma frase curta. Observando minha irmã dar aulas de natação, por exemplo, percebo que as informações que ela disponibiliza para os alunos sob a forma de instruções são melhor compreendidas e executadas quanto menor  for o número de palavras que ela usar. Em muitas circunstâncias o excesso de palavras confunde o receptor, que escolhe seguir outros caminhos interpretativos na mensagem. Mas isso não significa absolutamente que o receptor só esteja apto a apreender frases curtas e simples com palavras conhecidas! Tampouco que o jornalista deva ater-se a esse tipo de construção. E de que maneira a análise do discurso poderia ajudar aos jornalistas a saírem dessa pobreza discursiva e quem sabe diminuir a aflição do padre angolano? Penso que é preciso reconhecer a pluralidade de vozes presentes em cada notícia e produzir matérias que possam garantir a materialização de cada uma dessas vozes! Não se trata de dar voz a sujeitos de diferentes categorias, mas de identificar as vozes presentes em cada fala para então não haver uma mensagem uníssona. 

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Avaliando o Mais Você, da Ana Maria Braga

Vamos lá, vamos testar aqui um instrumento para avaliarmos a qualidade de um programa (e não de uma emissora inteira!) a partir do que foi dito no post anterior. Quem quer participar? É um teste. Vou usar os 7 ítens compilados por mim na tese, mas podemos modificar depois. Para sabermos quanto o programa exercita ou não as capacidades elencadas, pensei em trabalharmos com uma gradação: nada, na medida e um exagero. Para inaugurar o instrumento escolhi o programa Mais você, exibido pelo monstro do lago Ness, a Rede Globo. Quando posso vejo a Ana Maria, então, vou avaliar o todo trazido à tona por minha memória de telespectadora. Se fôssemos levar a sério o rigor de uma pesquisa os procedimentos seriam outros. Mas é só para sair do discurso e darmos início a um suposto teste. Então, como é o Mais Você, quanto.... 



Instrumento para reflexão sobre a qualidade de um programa de televisão

Capacidades
Nada
Na  medida
Um exagero
1.Usar bem os recursos expressivos próprios do meio (boa imagem, bom roteiro, boa interpretação);

 X

2.Perceber possíveis demandas da audiência e demandas da sociedade e transformá-las em produtos

 X

3.Aventurar-se quanto ao uso dos recursos de linguagem em uma direção inovadora
 X


4.Promover valores morais, éticos e humanitários, assim como favorecer a apreensão de certos conhecimentos, ao incluir no projeto aspectos pedagógicos e psicológicos do processo ensino-aprendizagem
 X


5.Gerar comoção nacional em torno de grandes temas de interesse coletivo, mobilização e participação


 X
6.Valorizar a diversidade, garantindo a presença de minorias e excluídos, valorizando as diferenças no lugar de uma unidade nacional e padrões de consumo uniformes

 X

7.Oferecer diversidade em seu elenco de programas, favorecendo as múltiplas experiências televisuais. 


 X



3




3




1

E então, concordam ou discordam da minha avaliação? Parece-me que quando há o "nada" ou o "em exagero" é que devemos ficar atentos. Enquanto preenchia o quadro vislumbrei modificações, mas vou esperar que vocês se manifestem. E este resultado nos diz o que sobre o programa da Ana Maria? 

O que seria televisão de qualidade?



Da minha tese, para pensarmos todos. 

"(...) Pensar televisão de qualidade nos desobriga ao juízo de valor de partida, homogeneizando todo o conjunto da obra televisiva sob o estigma da televisão má ou televisão boa, e nos permite redirecionar o olhar para a pluralidade de programas que compõem este promíscuo conjunto, sob novo prisma analítico. Cada programa televisivo pode ser avaliado enquanto produto em suas muitas dimensões processuais, de maneira que o significado da expressão qualidade poderá ter inclusive interpretações muito variadas. Mulgan (apud Machado, 2005) nos estudos dedicados á televisão de qualidade chegou a algumas acepções para o termo, aqui condensadas por nós. Quando declaramos que determinado programa apresenta qualidade, estamos nos referindo a uma ou mais das seguintes competências:

1- Capacidade de usar bem os recursos expressivos próprios do meio (boa imagem, bom roteiro, boa interpretação);
2- Capacidade de perceber possíveis demandas da audiência e demandas da sociedade e transformá-las em produtos;
3- Capacidade especial para aventurar-se quanto ao uso dos recursos de linguagem em uma direção inovadora;
4- Capacidade de promover valores morais, éticos e humanitários, assim como favorecer a apreensão de certos conhecimentos, ao incluir no projeto aspectos pedagógicos e psicológicos do processo ensino-aprendizagem;
5- Capacidade de gerar comoção nacional em torno de grandes temas de interesse coletivo, mobilização e participação;
6- Capacidade de valorizar a diversidade, garantindo a presença de minorias e excluídos, valorizando as diferenças no lugar de uma unidade nacional e padrões de consumo uniformes;
7- Capacidade de oferecer diversidade em seu elenco de programas, favorecendo as múltiplas experiências televisuais.  
Quantos programas de baixo orçamento apresentam falhas na edição, ruídos e interpretações toscas, mas podem ser considerados bons programas graças á autenticidade da linguagem, revelando-se uma alternativa instigante na programação? Em contrapartida, quantos programas com finalidade educativa declarada são produzidos tendo a disposição a última geração em recursos técnicos e um elenco de estrelas, mas ao ignorar demandas da recepção e aspectos pedagógicos relevantes convertem-se em programas ruins, quase desempenhando um papel deseducador? Alcançar bons índices de audiência estaria atrelado a quais dessas dimensões de qualidade?"