sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Livro sobre rádio e ciência

Acabou de sair meu livro sobre rádio e ciência. Quem quiser comprar antecipadamente, vá ao link da editora: http://www.editoracrv.com.br/?f=produto_detalhes&pid=3115
E não se atrase na leitura, porque logo a seguir vem um segundo livro sobre televisão e ciência.
Diz se não é uma bom presente de Natal?

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Considerações vespertinas

- Vídeoshow: o apresentador André Marques insiste em chamar sua colega de Japinha. Ruim? Péssimo, nem mesmo sei o nome da moça. Não seria interessante se a cena se desenrolasse assim: -Oi, Japinha.. e ela: -Oi, Bolota, diz aí, o que vai rolar hoje no Vídeo show?
- Jornal Hoje: por favor, exercitem um pouco de espírito crítico! Dona Jorgina, a aposentada que fez um empréstimo consignado e recebe um salário de benefício não tem plano de saúde para colocar na lista de despesas! Parem de humilhar o cidadão expondo geladeiras vazias e fazendo insinuações que nos levam a entender que o brasileiro comum é caloteiro e gastão! Sugestão: um Reality show com um desses repórteres globais vivendo com um único salário mínimo por três meses! Vocês acham que eles pegariam empréstimos? 

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Escola X Televisão


A novela é Sinhá Moça, da Rede Globo. Como um professor de história, utilizando um livro didático linear, com aspecto cansado porque trabalha mais de 40 horas por semana, sem nenhum apuro estético para escolher o que vestir, sem trilha sonora, sem cuidado com a linguagem (afinal, está tudo no livro), evitando as emoções....pode ser melhor que uma novela como Sinhá Moça??!!

sábado, 10 de julho de 2010

Jornalismo e vozes


Hoje recebi uma mensagem de um sacerdote que trabalha em Angola reclamando que os jornalistas só garantem visibilidade midiática aos padres pedófilos e que nunca falam sobre os muitos religiosos que dedicam suas vidas pelos menos afortunados. A queixa é legítima e não aconteceria se nos manuais em que os jornalistas estudam o discurso fosse tratado para além do texto escrito. Normalmente as orientações que estes profissionais recebem quanto a produção textual referem-se a clareza, coesão, objetividade...Em outras palavras, pensem no que a Ana Paula faz e façam o avesso! Eu até reconheço que uma informação pode ser entendida mais rapidamente quando disponibilizada em uma frase curta. Observando minha irmã dar aulas de natação, por exemplo, percebo que as informações que ela disponibiliza para os alunos sob a forma de instruções são melhor compreendidas e executadas quanto menor  for o número de palavras que ela usar. Em muitas circunstâncias o excesso de palavras confunde o receptor, que escolhe seguir outros caminhos interpretativos na mensagem. Mas isso não significa absolutamente que o receptor só esteja apto a apreender frases curtas e simples com palavras conhecidas! Tampouco que o jornalista deva ater-se a esse tipo de construção. E de que maneira a análise do discurso poderia ajudar aos jornalistas a saírem dessa pobreza discursiva e quem sabe diminuir a aflição do padre angolano? Penso que é preciso reconhecer a pluralidade de vozes presentes em cada notícia e produzir matérias que possam garantir a materialização de cada uma dessas vozes! Não se trata de dar voz a sujeitos de diferentes categorias, mas de identificar as vozes presentes em cada fala para então não haver uma mensagem uníssona. 

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Avaliando o Mais Você, da Ana Maria Braga

Vamos lá, vamos testar aqui um instrumento para avaliarmos a qualidade de um programa (e não de uma emissora inteira!) a partir do que foi dito no post anterior. Quem quer participar? É um teste. Vou usar os 7 ítens compilados por mim na tese, mas podemos modificar depois. Para sabermos quanto o programa exercita ou não as capacidades elencadas, pensei em trabalharmos com uma gradação: nada, na medida e um exagero. Para inaugurar o instrumento escolhi o programa Mais você, exibido pelo monstro do lago Ness, a Rede Globo. Quando posso vejo a Ana Maria, então, vou avaliar o todo trazido à tona por minha memória de telespectadora. Se fôssemos levar a sério o rigor de uma pesquisa os procedimentos seriam outros. Mas é só para sair do discurso e darmos início a um suposto teste. Então, como é o Mais Você, quanto.... 



Instrumento para reflexão sobre a qualidade de um programa de televisão

Capacidades
Nada
Na  medida
Um exagero
1.Usar bem os recursos expressivos próprios do meio (boa imagem, bom roteiro, boa interpretação);

 X

2.Perceber possíveis demandas da audiência e demandas da sociedade e transformá-las em produtos

 X

3.Aventurar-se quanto ao uso dos recursos de linguagem em uma direção inovadora
 X


4.Promover valores morais, éticos e humanitários, assim como favorecer a apreensão de certos conhecimentos, ao incluir no projeto aspectos pedagógicos e psicológicos do processo ensino-aprendizagem
 X


5.Gerar comoção nacional em torno de grandes temas de interesse coletivo, mobilização e participação


 X
6.Valorizar a diversidade, garantindo a presença de minorias e excluídos, valorizando as diferenças no lugar de uma unidade nacional e padrões de consumo uniformes

 X

7.Oferecer diversidade em seu elenco de programas, favorecendo as múltiplas experiências televisuais. 


 X



3




3




1

E então, concordam ou discordam da minha avaliação? Parece-me que quando há o "nada" ou o "em exagero" é que devemos ficar atentos. Enquanto preenchia o quadro vislumbrei modificações, mas vou esperar que vocês se manifestem. E este resultado nos diz o que sobre o programa da Ana Maria? 

O que seria televisão de qualidade?



Da minha tese, para pensarmos todos. 

"(...) Pensar televisão de qualidade nos desobriga ao juízo de valor de partida, homogeneizando todo o conjunto da obra televisiva sob o estigma da televisão má ou televisão boa, e nos permite redirecionar o olhar para a pluralidade de programas que compõem este promíscuo conjunto, sob novo prisma analítico. Cada programa televisivo pode ser avaliado enquanto produto em suas muitas dimensões processuais, de maneira que o significado da expressão qualidade poderá ter inclusive interpretações muito variadas. Mulgan (apud Machado, 2005) nos estudos dedicados á televisão de qualidade chegou a algumas acepções para o termo, aqui condensadas por nós. Quando declaramos que determinado programa apresenta qualidade, estamos nos referindo a uma ou mais das seguintes competências:

1- Capacidade de usar bem os recursos expressivos próprios do meio (boa imagem, bom roteiro, boa interpretação);
2- Capacidade de perceber possíveis demandas da audiência e demandas da sociedade e transformá-las em produtos;
3- Capacidade especial para aventurar-se quanto ao uso dos recursos de linguagem em uma direção inovadora;
4- Capacidade de promover valores morais, éticos e humanitários, assim como favorecer a apreensão de certos conhecimentos, ao incluir no projeto aspectos pedagógicos e psicológicos do processo ensino-aprendizagem;
5- Capacidade de gerar comoção nacional em torno de grandes temas de interesse coletivo, mobilização e participação;
6- Capacidade de valorizar a diversidade, garantindo a presença de minorias e excluídos, valorizando as diferenças no lugar de uma unidade nacional e padrões de consumo uniformes;
7- Capacidade de oferecer diversidade em seu elenco de programas, favorecendo as múltiplas experiências televisuais.  
Quantos programas de baixo orçamento apresentam falhas na edição, ruídos e interpretações toscas, mas podem ser considerados bons programas graças á autenticidade da linguagem, revelando-se uma alternativa instigante na programação? Em contrapartida, quantos programas com finalidade educativa declarada são produzidos tendo a disposição a última geração em recursos técnicos e um elenco de estrelas, mas ao ignorar demandas da recepção e aspectos pedagógicos relevantes convertem-se em programas ruins, quase desempenhando um papel deseducador? Alcançar bons índices de audiência estaria atrelado a quais dessas dimensões de qualidade?"  


terça-feira, 22 de junho de 2010

A pedidos

Minha tese e a dissertação.

Rede Globo de Televisão, EUA, Schumacher e Eike Batista


É preciso ser incansável para sobreviver e manter o bom humor com a recorrente militância brasuca contra certos ícones de sucesso. A bem sucedida Rede Globo, por exemplo, sempre aparece nas listas de vilãs nacionais. Normalmente quem combate a emissora combate também os EUA, o piloto Schumacher e o industrial Eike Batista, imagens de poder e vigor. Não vou aqui discutir essa estratégia de esquilo na chuva, maniqueísta e simplista, sempre agregando-se aos mais fracos e opondo-se aos fortes. Parto aqui em defesa da Rede Globo e da televisão de qualidade que ela sabe fazer. Quando falo de televisão de qualidade refiro-me ao conceito apresentado pelo British Film Institute,em 1980.Quem quiser saber mais basta ler minha tese . Sou uma telespectadora eclética e determinada, vejo absolutamente tudo que aparece na televisão, pelo menos uma vez, independente de um suposto caráter erudito ou popular. Aliás, os mais próximos acham meu gosto duvidoso, pois aprecio programas de auditório e humorísticos pouco sofisticados. Argumentos tenho muitos, outra hora falo deles. A Rede Globo, além da competência técnica, tem ousado em formatos, abordagens de conteúdos, jornalismo público. Mesmo para aqueles que precisam se contentar com a Globo aberta, é possível ter acesso a programas que apostam em sujeitos pensantes na recepção. O Globo Rural, exibido aos domingos pela manhã, tem reportagens lindas, sensíveis, que nos permitem conexões múltiplas com outros conhecimentos. Nem mesmo a TV Cultura, que teria por princípio exercer o jornalismo público tem conseguido abordar temas na contramão dos interesses de mercado, como a Globo tem feito com eficiência em sua programação. A ousadia ponderada dos produtores e protagonistas globais é a estratégia encontrada por eles para incluir inovações e contribuições de valor social na programação da emissora sem que isso constitua uma quebra de contrato com os patrocinadores.A primeira vez que vi um jornalista perguntar a um cientista de um possível equívoco acerca do aquecimento global foi o jornalista Eduardo Grilo na Globo News! E agora, neste momento tédio de copa do mundo, é possível ver o jornalista esportivo Régis Rösing (o vídeo é um trecho dele) em reportagens que recuperam a história do Brasil pelo viés dos mundiais de uma maneira singular! Quem aí sabia que o primeiro paraquedista brasileiro aprendeu a arte com os nazistas, quando foi "infiltrado" como educador físico da nossa seleção no mundial, objetivando apenas saber como os alemães treinavam seu exercito? Graças ao Régis vou virar perita em Copa do Mundo!Não podemos combater a Rede Globo como se ali só encontrássemos mediocridade e reforço social da miséria da população! O olhar deve ser mais abrangente que isso, por favor.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Pode o educativo deseducar?

Do ponto de vista da legislação, um programa educativo seria aquele em que a produção declara a finalidade educativa de seu produto. Além disso, a recepção identifica certos programas como educativos, como é o caso das tele-aulas e os documentários, graças a reprodução de elementos da sala de aula em cena. Há, entretanto, um outro caminho para construrimos uma definição para educativo, deslocado da instância da produção, para as leituras interpretativas dos sujeitos na recepção. Assim, é a recepção que determinaria se um programa é educativo ou não, a partir das aprendizagens desencadeadas pelos produtos. Esta definição, reconhece haver na recepção um sujeito capaz de elaborar o conteúdo a ele ofertado, mesmo que isso ocorra em níveis bastante elementares. O que parece-me um avanço, tendo em vista que muitos programas considerados educativos têm afirmado que a baixa audiência alcançada por eles relaciona-se á incapacidade intelectual e cognitiva do público. Como ocorre na sala de aula, é o aprendiz responsabilizado por não aprender. Além disso, esta definição convida-nos a repensar o papel dos programas televisivos na sociedade, ao assumirmos que todo e qualquer formato e conteúdo encerra uma dimensão educativa (o que aliás está previsto na lei e é condição para que uma concessão de sinal ocorra). Desta forma, nenhum programa poderá se isentar da resposabilidade do imapcto que tem na vida das pessoas, declarando não não ter nem a intenção nem a obrigação de educar, encontrando-se comprometidos exclusivamente com o entretenimento. Cada produção precisa conhecer os conteúdos que dissemina, de maneira a aventar as possíveis leituras e aprendizagens que eventualmente poderão deflagrar e, dependendo do que é percebido neste momento, promover rearranjos nos conteúdos e formatos. Não podemos, por exemplo, para garantirmos uma piada e a audiência, reforçar e disseminar o preconceito com certos grupos da sociedade. É verdade que isso torna o processo de produção mais sofisticado e demorado, mas não o inviabiliza, e os benefícios que teríamos a longo prazo valeriam este esforço. Mas o problema não se encontra apenas nos programas de entretenimento, que rejeitam a dimensão educativa. Se é possível supor que a recepção aprenda algo com os programas que buscam apenas o divertimento, é igualmente e tragicamente suposto que programas educativos possam deseducar. Além de alimentar o eventual desinteresse do telespectador por conhecimentos e pela aprendizagem, ao replicar o tédio da escola no suporte televisivo, alguns programas educativos reforçam aspectos duvidosos do conteúdo ou mesmo disseminam equívocos. Basta ver alguns documentários sobre predadores da natureza para vermos tubarões, leões, e até mesmo delicados micro-crustáceos sendo tratados como feras que matam por mero prazer, verdadeiros assassinos. Se não há garantias das aprendizagens que irão ser empreendidas pela recepção, tendo em vista que o aprender é um processo pessoal, poderíamos pelo menos ter cuidado na escolha do repertório inoformacional que iremos disponibilizar para que os sujeitos sejam incentivados ao pensamento.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Qual a diferença entre Informação, conhecimento e saber?

Assim, J.M. Monteil (1985) dedica-se a distinguir a informação, o conhecimento e o saber. A informação é um dado exterior ao sujeito, pode ser armazenada, estocada, inclusive em um banco de dados; está “sob a primazia da objetividade. O conhecimento é o resultado de uma experiência pessoal ligada á atividade de um sujeito provido de qualidades afetivo-cognitivas; como tal, é intransmissível, está “sob a primazia da subjetividade”. Assim como a informação o saber está “sob a primazia da objetividade”, mas, é uma informação de que o sujeito se apropria. Desse ponto de vista, é também conhecimento, porém desvinculado do “invólucro dogmático no qual a subjetividade tende a instalá-lo”. O saber é produzido pelo sujeito confrontado a outros sujeitos, é construído em “quadros metodológicos”. Pode, portanto, “entrar na ordem do objeto”; e tornar-se, então, “um produto comunicável”, uma “informação disponível para outrem." (Charlot, 2000).

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Sugestão para políticos decentes (logo, sugestão para o vazio...)

As músicas são sem dúvia uma maneira de "iscar" telespectadores. Meu sobrinho vem de onde estiver quando na televisão a músiquinha da propaganda do Itaú começa a tocar: tum- tum- tum-tum-tum-tum..E o pequeno não tira os olhos da tela. Os programas educativos nesse sentido saem em desvantagem, pois com baixos orçamentos (quase sempre...) não podem pagar os direitos de músicas que tenham forte apelo junto ao público e acabam usando temas clássicos. Não que a música clássica não seja adequada, recordemos os desenhos animados da Disney e suas elefantes bailarinas, lindo lindo. Mas uma coisa é você escolher uma música porque combina (na sua concepção) com o projeto. Outra coisa é você selecionar uma música para seu filme por falta de opção. Daí minha sugestão para uma lei. Que tal uma lei que desobrigue produções com finalidade educativa declarada pagar direitos autorais das músicas? Sei que tem muito "Ratinho" por aí que iria querer fazer parte a categoria educativa, isso seria um problema. Mas mais que um problema, seria uma oportunidade para pensarmos a definição de educativo.