quinta-feira, 8 de julho de 2010

O que seria televisão de qualidade?



Da minha tese, para pensarmos todos. 

"(...) Pensar televisão de qualidade nos desobriga ao juízo de valor de partida, homogeneizando todo o conjunto da obra televisiva sob o estigma da televisão má ou televisão boa, e nos permite redirecionar o olhar para a pluralidade de programas que compõem este promíscuo conjunto, sob novo prisma analítico. Cada programa televisivo pode ser avaliado enquanto produto em suas muitas dimensões processuais, de maneira que o significado da expressão qualidade poderá ter inclusive interpretações muito variadas. Mulgan (apud Machado, 2005) nos estudos dedicados á televisão de qualidade chegou a algumas acepções para o termo, aqui condensadas por nós. Quando declaramos que determinado programa apresenta qualidade, estamos nos referindo a uma ou mais das seguintes competências:

1- Capacidade de usar bem os recursos expressivos próprios do meio (boa imagem, bom roteiro, boa interpretação);
2- Capacidade de perceber possíveis demandas da audiência e demandas da sociedade e transformá-las em produtos;
3- Capacidade especial para aventurar-se quanto ao uso dos recursos de linguagem em uma direção inovadora;
4- Capacidade de promover valores morais, éticos e humanitários, assim como favorecer a apreensão de certos conhecimentos, ao incluir no projeto aspectos pedagógicos e psicológicos do processo ensino-aprendizagem;
5- Capacidade de gerar comoção nacional em torno de grandes temas de interesse coletivo, mobilização e participação;
6- Capacidade de valorizar a diversidade, garantindo a presença de minorias e excluídos, valorizando as diferenças no lugar de uma unidade nacional e padrões de consumo uniformes;
7- Capacidade de oferecer diversidade em seu elenco de programas, favorecendo as múltiplas experiências televisuais.  
Quantos programas de baixo orçamento apresentam falhas na edição, ruídos e interpretações toscas, mas podem ser considerados bons programas graças á autenticidade da linguagem, revelando-se uma alternativa instigante na programação? Em contrapartida, quantos programas com finalidade educativa declarada são produzidos tendo a disposição a última geração em recursos técnicos e um elenco de estrelas, mas ao ignorar demandas da recepção e aspectos pedagógicos relevantes convertem-se em programas ruins, quase desempenhando um papel deseducador? Alcançar bons índices de audiência estaria atrelado a quais dessas dimensões de qualidade?"  


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